Se eu soubesse que esse mundo
Estava tão corrompido
Eu tinha feito uma greve
Porem não tinha nascido
Minha mãi não me dizia
A queda da monarchia
Eu nasci foi enganado
Pra viver n'este mundo
Magro, trapilho, corcundo,
Alem de tudo sellado.
Assim mesmo meu avô
Quando eu pegava a chorar,
Elle dizia não chore
O tempo vai melhorar.
Eu de tolo acreditava
Por innocente esperava
Ainda me sentar n'um throno
Vovó para me distrahir
Dizia tempo ha de vir
Que dinheiro não tem dono.
Só se ver hoje no mundo,
Agonia e desispero,
Fiscaes e procuradores
E numero de cobradores
Pondo tudo amedrontado
E para mais nossa melhora
Qualquer que nascer agora
O pai há de o ver sellado.
Dizem os filhos da Candinha
Que na camara dos deputados
Querem formar um projecto
Para os homens serem sellados,
Isso faz repugnar!
E pudemos acreditar.
Que o imposto não nos larga,
Podemos aguardar as horas
Que montem em nós com esporas
E nos façam carregar carga.
Havemos de andar agora
Do imposto amendrontados,
Com mil e cem de estampilhas
Nos chapeus e nos calçados
O que havemos de fazer?
Já não se pode soffrer
O fio da cruel fome
Os homens todos alerta
O Estado nos aperta
O municipio nos come.